Capítulo 9

“Alô?”

A voz de John repetiu a palavra 3 vezes antes que eu pudesse reagir.

“John?”

“Sim, quem é?”

Pensei em desligar o telefone ao sentir minha voz trêmula, mas eu não tinha forças para isso. O celular dele provavelmente tinha mostrado quem estava ligando, e ele só perguntou isso para me constranger, claro.

“John... s-sou eu...”

“Eu quem?”

Não sei se era coisa da minha cabeça, mas eu percebi o riso dele escondido entre as palavras.

“Quem... quem você acha que é?”

Agora eu já estava um pouco mais calma, e conseguia respirar normalmente embora estivesse encantada com a voz dele, como em todas as vezes que ele dirigia a palavra a mim.

“ hum... eu acho q... Jully, porque você não me mandou notícias suas? Eu estava preocupado com você...”

Meus olhos se fecharam automaticamente quando minha mente foi invadida pela cena de John me abraçando e dizendo as mesmas palavras no mesmo tom doce e calmo.

“ John... eu não sei se você se lembra... mas, eu me mudei sem te falar que estaria indo embora, e eu fiz isso, porque estávamos brigados. Eu acho que não tinha a obrigação de te manter informado sobre estar viva ou não.”

“Sim, Jully... viva eu sabia que estava, porque antes mesmo de procurar por você, eu havia perguntado de você para Cykes. Eu só queria saber se está bem, só isso.”

Ele perguntou de mim para Cykes? E porque ela não me disse nada? Ah, claro. Ela não disse porque não queria que eu tivesse esperanças de ele merecer uma segunda chance só por perguntar se estou viva.

“ Ok, John, eu entendi... e se é isso que quer saber, eu estou bem.”

Eu mordi meu lábio inferior por saber que estava mentindo.

Eu não poderia ficar bem longe dele, e por mais que evitasse demonstrar, tinha certeza de que ele estava ciente disso.

“Tem certeza, menininha?”

“Ai, eu tenho! E por favor, pare de me chamar assim!”

“Porque vou para de te chamar assim, se você é minha menininha? Entenda uma coisa, Jullie, por mais que você tente não acreditar em mim quando eu falo que ainda não te esqueci, por mais que você tente me evitar, eu não consigo e nem posso te deixar ir embora.”

“John, eu já fui embora. Desde que você me trocou por quem preferiu te deixar sozinho, para você eu já deveria ter deixado de existir.”

“Mas não deixou. Eu amo você, e quando você me convencer de que sabe disso, e de que acredita, eu te deixo em paz.”

“Eu sei e acredito que você me ama, John. Não como eu te amo, mas já entendi que você me ama também.” Eu disse em um tom irônico.

“Não convenceu, Jully.”

“Que pena!”

“Jullie... se você pudesse pelo menos me dar uma ultima chance...”

“John, NÃO! Como eu vou te dar outra chance? Eu não moro mais em Dallas, agora eu moro no fim do mundo. Agora eu moro em outro lugar, tenho novos amigos e eu não posso me prender em uma cidade apenas!”

Menti de novo. Moro em outro lugar, no fim do mundo, mas não posso deixar pra trás tudo que eu passei em Dallas, ao lado dele e de outras pessoas.

“Se você me disser que me perdoa e que me dá outra chance, eu vou aonde você estiver, agora! Você sabe que ninguém precisa me dizer que duvida de mim para que eu faça, e eu estou te dizendo. Se me der outra chance, em menos de 5 horas eu vou estar aí.”

Uma pausa silenciosa invadiu o telefone. Eu não conseguia pensar em nada, absolutamente nada, depois do que ele havia dito. Era sem dúvidas uma tentação pensar que se eu dissesse sim ele estaria comigo em poucas horas.

“John... quem me garante que você quer brincar comigo como da ultima vez?”

“ Eu garanto. Se isso não basta, eu procuro algum jeito de te provar isso.”

“ Não precisa... eu, eu acredito, mas... John, por favor, n...”

Ele me interrompeu antes que eu pudesse terminar de falar.

“Tudo bem, eu entendi, Jullie. Você quer mais tempo para pensar, não é? Eu posso esperar. Pensa, mas pensa você sozinha, não deixe ninguém mais pensar por você. Eu vou te esperar, menininha.”

Senti meu coração querer saltar para fora do peito quando o ouvi me chamar de ‘menininha’, novamente.

“Tá bom, John. Eu... eu vou desligar, ta?”

“Tá bom. Tchau, um beijo.”

“Tchau.”

“Jullie? Jully?”

Pude ouvir a voz dele de longe enquanto distanciava o telefone do meu ouvido.

“Oi?”

“Eu te amo, amor.”

Doía muito não poder dizer a ele o quanto eu o amava. Doía mais ainda me lembrar o motivo pelo qual não estávamos juntos. Eu sentia meu coração se torturar toda vez em que pensava nele. Ao mesmo tempo em que eu queria abraçá-lo, eu queria bater nele, com todas as minhas forças. As forças que eu não teria mais, porque foram roubadas pelas vezes em que pensei nele.

Mais uma vez eu tinha duas opções. Dar a ele outra chance, e talvez me machucar novamente. Deixar tudo como esta, e continuar me machucando. Eu podia confiar nele e acreditar que ele não me machucaria mais, mas eu também podia confiar em mim e deixar que o tempo curasse todas as feridas.

Independente de qualquer coisa, eu tinha certeza do que queria. E no momento, o que eu queria era ele, só ele.