Capítulo 15/ Recado

Capítulo 15

Durante o final de semana ajudei minha mãe a dar os últimos toques na organização da casa e coloquei a conversa em dia com minhas amigas. Com a idéia de que alguma delas fosse comigo no Festival na próxima semana, pedi às três que decidissem quem viria para Houston primeiro. Se fosse por mim, eu teria as três aqui todos os dias, mas os pais delas eram normais, e talvez por isso, nenhuma delas poderia abandonar a vida em Dallas para vir morar comigo, claro. Elas tinham novidades ótimas. Cykes estava quase conseguindo conquistar o garoto por quem era apaixonada há meses. Segundo ela, ele estava conversando com ela todos os dias durante o intervalo da escola, e tinha convidado-a para sair. A mãe de Brooke deu a ela um quadro com fotos da banda My Chemical Romance, e ela estava radiante por isso. Stiffy queria viajar para a casa dos tios em outro País para ver o primo-amigo por quem os olhos dela sempre brilhavam, e os pais dela estavam quase deixando. Eu estava aqui, com alguns probleminhas, mas se elas estavam felizes, o máximo que eu podia fazer, era ficar também.

Chris não deu nenhum sinal de vida durante o final de semana inteiro, e me perguntei se isso era conseqüência da tentativa sem sucessos dele. Eu não tinha outros amigos na cidade, e me fiquei com medo de talvez, ele me ignorar dali para frente. Como não estava fazendo nada do domingo a tarde, resolvi andar um pouco, mesmo que fosse sozinha.

“Mãe, pai? Se importam se eu der uma saída? Só vou andar, por aqui perto mesmo...”

Meu pai me olhou e em seguida olhou para minha mãe, como sempre fazia quando eu pedia permissão para fazer algo. Isso deixava minha mãe com mais ordem ainda sobre mim.

“Sim, Jullie. Pode ir, mas não volte tarde, tudo bem?”

“Tá bom, mãe. Tchau, eu amo vocês.”

Dei um beijo na bochecha de cada um deles e enquanto saía de casa, pude ouvi-los cochichando algo que eu não pude ouvir muito bem.

Passei na frente da casa de Christofer e somente algumas luzes no andar de cima estavam acesas. Pensei em chamá-lo, mas fiquei com as pernas trêmulas, e por isso segui a caminhada sozinha. Pensando em qualquer coisa, com o IPod no ouvido eu dava voltas pelo parque. O mesmo parque em que eu estivera com Chris na sexta-feira. Passei ao lado do banco em que estivemos sentados, e em menos de minutos eu já estava voltando. Mas não para casa, e sim para a casa dele. Resolvi chamá-lo, para conversar, apenas.

Arrumei o cabelo, por mania, e toquei a campainha. Uma senhora que provavelmente era mãe dele, atendeu e educadamente me recebeu.

“Sim?”

“Oi, muito prazer, Jullie. Eu moro ali na frente, er... Christofer está?”

“Ah, olá querida. Entre, eu vou chamar ele. Está no quarto.”

“Sim, obrigada.”

Entrei devagar e encostei-me na parede da sala enquanto ele não descia. A mãe dele voltou para a sala e em seguida foi para a cozinha.

“Jullie, ele já vem.”

“Obrigada.”

Mais alguns minutos e Chris já estava descendo. Ele pareceu tímido ao me ver ali, na casa dele, procurando por ele. Um pouco de alivio me atingiu quando ele me cumprimentou normalmente, com um beijo na bochecha.

“Oi, Jully. Tudo bem?”

“Oi. Tudo, e você?”

“Tranquilo. Quer subir? Eu estava passando algumas músicas no violão...”

“Ah, desculpa se te atrapalhei em alguma coisa... Eu só queria andar e resolvi passar aqui para ver se quer ir comigo...”

“Sério? Agora?”

Ele fez uma careta expressando não muita vontade de andar, e eu entendi.

“Sim, mas... Se não quiser, sem problemas.”

“Não, não... Eu vou com você, só deixa eu colocar o tênis... vem comigo.”

“Tá.”

Ele foi na minha frente, subindo as escadas. Estava um pouco sem graça naquele momento, mas foi passando aos poucos. Christofer entrou no quarto e esperou que eu entrasse para fechar a porta. Pegou o tênis que estava ao lado da escrivaninha e acenou para que eu me sentasse na cama.

“Então, Jully... o que fez ontem?”

“Ah, nada. Só ajudei minha mãe a arrumar a casa e falei com minhas amigas. E você?”

Enquanto colocava o tênis ele me respondia.

“Ensaiei, quase o dia inteiro.”

“Ah, claro.”

Ele se levantou e eu me levantei também. Chris pegou o celular em cima da cama e se olhou no espelho enquanto arrumava a franja, daquele jeito. Me preocupei em não olhar muito, mas enquanto olhei, tive que me controlar para piscar.

“Mãe, eu vou dar uma volta com ela, mais tarde eu volto.”

Christofer gritou enquanto descia as escadas para sua mãe que estava na cozinha. Quando terminou de falar, ela já estava abrindo a porta para nós.

“Tudo bem filho, cuidado vocês dois.”

“Sim, Obrigada.”

Respondi educadamente e me despedi com a mão.

Seguimos pelo mesmo caminho que eu havia seguido antes, quando estava sozinha. Quando chegamos no parque, Chris foi direto ao banco para se sentar, ele parecia cansado. E se sentou no mesmo banco da última vez.

“Cara, eu não agüento andar muito, já estou cansado, acredita?”

Eu ri e me sentei ao lado dele.

“Sim, eu estou percebendo. Vim aqui hoje, sozinha, voltei para a sua casa e agora vim de novo e nem estou cansada... cada dia que passa os homens me provam como mulheres são fortes.”

Ele riu comigo e cruzou as pernas em cima do banco.

“Ah, Jully. Você é forte, porque tem mulheres que não agüentam dar nenhuma volta completa em um quarteirão...”

“Sim, mas eu agüento.”

“Se eu não estivesse tão cansado, eu apostaria uma corrida com você agora, só para te pirraçar.”

“Mas está cansado, é fraco, né, rs.”

“É, você ganhou. Mas então...”

Ele mudou da expressão sorridente e brincalhona para uma mais séria, como se algo tivesse acabado de acontecer e me olhou firmemente.

“Que foi, Chris?”

“Ah, Jully...”

“Christofer?”

“Jullie, eu... eu queria te perguntar uma coisa, mas, não quero que você pense em nada, por favor...”

Me assustei com a mudança de humor e principalmente com o assunto.

“Sim, pode falar...”

“Er... é complicado, mas... Como se chamava o seu namorado lá da outra cidade, mesmo?”

“Hum... Ele não era meu namorado, Christofer.”

“Não? Pensei que fosse...”

“Não, não era. John. Era esse o nome dele... mas, porque?”

Fiquei surpresa com a pergunta dele. Aquilo não fazia sentido, já estava até me acostumando com a falta de sentido nas coisas.

“Ah... Para saber, só.”

“Ahn, entendi....”

“Outra coisa... posso?”

“Fala.”

Talvez ele tenha percebido a minha frieza quando partiu a falar desse assunto, mas continuou.

“Se por acaso, ele voltasse, voc...”

“Christofer, ele não vai voltar!”

O interrompi antes que ele pudesse perguntar qualquer coisa com essa hipótese de John voltar pra mim. Ao terminar de falar, pude perceber lágrimas se formarem em meu rosto e tentando conter o choro, apertei as mãos nos olhos. Ele se aproximou de mim e me abraçou, posicionando minha cabeça em seu ombro.

“Jully, desculpa... Eu... Af, desculpa, mesmo.”

Eu chorava em seu ombro e não conseguia parar para respondê-lo. Eu não queria ter tocado naquele assunto, porque me fazia chorar quase sempre. Christofer sabia da história, até opinou sobre ela e eu não me envergonhei tanto por estar ali, chorando no ombro dele. Quando consegui por fim respirar normalmente e conter as lágrimas, me afastei dele devagar, enxugando as lágrimas ao mesmo tempo em que falava.

“Desculpa por isso, Chris... Eu não entendo porque consigo soltar uma lágrima se quer por ele, me desculpa, mesmo...”

“Relaxa. Você chora por ele porque ainda o ama. Talvez você precise de alguém que o faça esquecê-lo.”

Eu não achava uma boa hora para fazer merchandising de como Christofer se sentia em relação a mim, mas ele pareceu pensar que assim, fosse mais fácil.

“Jullie, não me leve a mal... Eu sei que não é a hora certa, mas, pode me dizer uma coisa?”

Assenti e abaixei a cabeça. Enquanto as ultimas lágrimas rolavam por meu rosto, Chris passou a mão para enxugá-las.

“Por que... me de um motivo apenas... Porque não me beijou sexta feira?”

Eu paralisei o olhar e a respiração. E lentamente consegui virar meu rosto em direção ao dele. Eu queria ter forças para responder isso olhando nos olhos dele.

“Porque não te beijei? Chris... eu ainda amo o John...”

“Isso não é motivo, Jullie! Você tem que esquecê-lo, de alguma forma. Se você não permitir que o esqueça, nunca vai esquecer.”

“Eu sei. Mas eu não consigo... Acha que é fácil?”

“Eu sei que não é.”

“Então... Por favor, agora não...”

Ele entendeu facilmente o que eu quis dizer com aquilo, e me impressionou por isso. Ele era diferente dos outros que já haviam tentando comigo o mesmo que ele estava tentando. Ele conhecia os limites, e eu sabia que seria fácil fazê-lo entender que eu não queria, caso eu não quisesse.

“Eu não vou te pressionar, Jully, nunca.”

“Obrigada.”

“Mas quando você se sentir preparada, eu também vou estar, ta?”

“Um dia, talvez, Chris.”

Respondi já com a voz trêmula. Ele me abraçou e mais uma vez lágrimas começaram a escorrer. A partir daquele dia eu sabia que além de um vizinho, mais do que um garoto querendo ficar comigo, eu tinha um amigo. Ele me passou essa informação quando se preocupou em me abraçar e deixar minhas lágrimas molharem sua blusa quando eu chorava. Chorava por outro.


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Leitores lindos, poucos que ainda existem, rs.
As minhas provas finalmente chegaram ao fim, masssss, vou postar pouco, ainda. Agora a coisa começa a ficar um pouco mais animada, as coisas legais começam a acontecer, e eu tenho que fazer algo para predê-los aqui, e um suspense nas postagens é perfeito para isso, hehe. Eu realmente espero que estejam gostando, mesmo! Eu continuo pedindo palpites, gente. Na comunidade, por favorrrrr.


(Eu estou feliz, e vou dizer uma coisa pra você, Fernanda. É, você mesma! O Leonardo vai querer me bater por isso, mas, quando ver ele, na universidade, diga que eu o amo, e que ele já pode deixar você me conhecer, rs.)


Bjss ♥

Capítulo 14

Capítulo 14

Quando chegamos todos já estavam lá. Eram todos do mesmo estilo de Christofer e nenhum deles me pareceu conhecido, ou seja, nenhum deles, tirando Chris, estudava na mesma escola que eu.

“Pessoal, essa é a Jullie.”

“Oi.”

Olhei para todos e dei um sorriso torto que demonstrasse meu estado de vergonha. Eles me mediam, como se eu fosse algo que eles sempre quiseram conhecer. Isso me deu medo. Um deles se aproximou de mim para me cumprimentar enquanto os outros falavam com Chris, em um tom baixo, como cochichos.

“Ah, então você que é a famosa Jullie? Muito prazer.”

Apertei a mão do garoto que estava estendida e um pouco surpresa, respondi:

“Sou Jullie, mas não sei a parte do famosa...”

“Ah, claro. Ele fala muito de você, por isso aqui você já é famosa. Todos estavam ansiosos para te conhecer.”

Olhei para Christofer e ele estava vermelho. Muito vermelho. Dei risada da sua expressão, e abaixei a cabeça, ainda rindo.

“J-J-Jullie... Não liga para eles, é mentira... Esse bando de idiotas... Ah, vem cá, senta aqui...”

Christofer me puxou pelo braço e me guiou até um sofá que havia no local. Enquanto isso, eu podia ouvir os risos dos garotos que aos poucos se misturavam com os meus.

Os garotos se preparavam para começar o ensaio, enquanto eu mandava uma mensagem para o celular da minha mãe, avisando onde estava.

Observando aquela situação, me dei conta de como Christofer me lembrava John. Não fisicamente, mas a personalidade. John também tinha uma banda. E me lembro de ter ido aos ensaios com Cykes, porque o irmão dela tocava na mesma banda. Chris interrompeu meus pensamentos vagos.

“Jully, nós vamos começar. Essa é ‘Running From Lions’. Não faz muito tempo que escrevemos e pegamos a melodia, então, diz o que acha, tá?”

“Isso mesmo Jullie, diga o que acha, sua opinião é muito importante para nós...”

Todos os outros garotos assentiram, e eu me senti numa espécie de show onde eu era a estrela. Christofer olhou feio para o garoto que falou e em seguida todos riram. Alguns segundos depois, todos estavam tocando, e a música era ótima. A letra era boa, e a melodia também. Tudo estava perfeito naquela música. Em alguns momentos Christofer tirava os olhos do violão para me olhar, e quando percebia isso, eu levava os olhos para qualquer lugar ali que não fosse ele. Quando terminaram de tocar, eu estava entrando numa espécie de ‘shock’. A voz de Christofer era perfeita. E eu nunca imaginei que ele pudesse ter uma banda tão boa.

“E então, Jully... curtiu?”

“Christofer! Nossa, é perfeita. A música é ótima e a sua voz é muito favorável, eu confesso que estou em ‘shock’...”

Dessa vez todos pareceram ficar intimidados, e como forma de agradecimento, todos sorriram uns para os outros, inclusive Chris.

“Que bom que gostou. O que acham de a gente tocar ‘Lullabies’ para ela?”

Todos assentiram para Christofer, e eu cruzei as pernas em cima do sofá, sorrindo para todos eles. Não demorou muito para que todos começassem a tocar, e a voz de Chris mais uma vez me deixou de boca aberta.

A voz dele era completamente diferente do que eu pensei que pudesse ser. Aliás, nunca havia imaginado Christofer em uma banda, muito menos cantando. Mais uma vez a música era ótima e se dependesse dessas duas músicas entre as outras que tocaram no ensaio, o Festival já era deles.

“Cara, estão de Parabéns! De verdade, a banda é ótima. Eu não sou nenhum profissional para julgar, mas não tenho dúvidas que a banda e as músicas são ótimas. Eu adorei, de verdade.”

“A gente está muito feliz por você ter gostado. E no Festival ainda terá uma surpresinha, espero que todo mundo goste... inclusive você...”

“Ah, com certeza eu vou gostar. Aliás, o Festival inteiro vai gostar, tenho certeza disso. Vocês são ótimos... Chris, se importa se eu já for embora? Eu não queria, mas preciso ir...”

Uma expressão de decepção invadiu meu rosto, e no mesmo momento Christofer já começou a guardar o violão.

“Sem problemas, Jully. Vocês arrumam tudo aqui, não arrumam?”

Christofer se virou para os garotos, e eu percebi que ele deu uma piscadinha para eles. Isso deveria ter passado despercebidamente por mim, mas eu vi, e a culpa não foi minha.

Os meninos disseram ‘Tchau Jullie.’ em um coral, como se tivessem ensaiado a despedida durante as músicas sem eu ouvir. Chris se despediu deles, e saímos do salão onde estávamos.

“Demais, Chris. A banda é demais.”

“Gostou mesmo, Jully?”

“Não. Menti na cara dura.”

Nós rimos, e enquanto andávamos, ele apoiou o braço em meu ombro. Olhei para a mão dele ao lado do meu rosto e me perguntei se aquilo estava realmente acontecendo ou se eu estava vendo coisas. Queria que fosse a segunda opção, mas era a primeira. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Chris me interrompeu:

“Tomara que você goste do Festival também, Jully.”

“Não tenho dúvidas de que eu vou gostar, Chris.”

Em menos de 15 minutos de caminhada já estávamos na frente da minha casa, e fiquei mais aliviada por não ver os carros dos meus pais na garagem.

“Obrigada. Eu gostei de ter ido no ensaio, foi ótimo.”

Christofer tirou o braço do meu ombro e de frente para mim, ficou me olhando fixamente. Não me senti extremamente bem com isso, mas não consegui desviar os olhar dos olhos dele. Dessa vez não.

“Eu adorei ter passado o dia com você, Jully. Você é... nossa, é magnífica.”

No momento em que pronunciou a palavra ‘magnífica’ lentamente, pude sentir mais borboletas no estômago do que da ultima vez, e junto com isso, senti seus dedos tocarem de leve meu rosto. Eu sorri levemente e minha resposta foi impedida pela tentativa dele de me beijar. Ele levou seu corpo para frente e suas mãos seguraram minha cintura.

Lentamente aproximou o rosto do meu, mas antes que seus lábios pudessem tocar os meus, virei o rosto. O nariz dele roçou minha bochecha e ali ele deixou um beijo. Ele pode ter ficado magoado, mas se eu não evitasse, tenho certeza de que mais de uma pessoa sairia machucada. Ainda com o rosto perto do meu, ele respirou fundo e disse:

“Desculpa, Jullie.”

“Tudo bem. É melhor eu entrar.”

Tirei as mãos dele da minha cintura e me afastei. Ele pareceu envergonhado e enquanto eu entrava em casa, ele abaixou a cabeça, mexeu na franja e me olhou.

“Nos falamos depois?”

“Aham. Tchau.”

Entrei rapidamente e ele saiu, andando em direção a sua casa. Eu não estava entendendo o que acabara de acontecer. Fechei a porta, e subi para meu quarto, andando devagar. Entrei no quarto, fechei a porta e encostei-me ali. Escorreguei e logo estava sentada no chão, com os braços apoiados nos joelhos. Minha mente foi invadida por tudo que ele havia dito durante o dia. E o que pudesse ter acontecido comigo, com meus sentimentos, se eu não tivesse o impedido de me beijar. Levantei-me e fui até o banheiro. Tomei um banho, escovei os dentes e cada vez que me olhava no espelho, eu tinha que fechar os olhos para não me arrepender do que tinha acabado de fazer. Talvez eu quisesse ter beijado ele. Talvez não. Eu queria ter deixado ele me beijar. Mas forças quais não sei de onde vieram me fizeram evitar o beijo.

Fui me deitar e esperei que o sono me vencesse. Ouvi os carros dos meus pais chegarem e fechei os olhos, tentando dormir. Eu não queria mais pensar nisso, e em mais nada. Para minha sorte, um pouco depois de ouvir minha mãe subir para ver se eu estava dormindo, finalmente dormi.

AVISOS!

Oie!

Bom, eu vou jogar aqui alguns avisos importantes para vocês que ainda estão lendo a história, e que ainda não me abandonaram, rs.
Primeiramente, desculpem-nos pelo erro da música, que ainda não conseguimos concluir aqui no blog, por falha no carregamento do próprio blogger. Logo tentaremos colocar a música novamente.
Em relação às postagens dos capítulos, peço, mais uma vez, desculpas pelo atraso, e antecipadamente, peço desculpas novamente, pois entrarei em semana de provas e não posso me comprometer de postar aqui sem ter a certeza de que vai ser possível.
E ah! Acabei de fazer um novo tópico na comunidade (http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=98648976&tid=5460440666996811123&na=4) e gostaria muito que vocês participassem, até pra eu ter uma idéia de quantos leitores ainda sobrevivem, rs.
Obrigada aos que lêem, e digo já, que se não fossem vocês, isso seria só mais um blog com uma tontinha postando capítulos de uma história ao vento. Obrigada mesmo!

Beijos :*

Capítulo 12/ Capítulo 13

Capítulo 12


A conversa com Cykes foi longa, e só pude perceber o quanto tínhamos conversado quando escutei o motor do carro do meu pai. O relógio marcava exatamente 22h30min e me lembrei que minha mãe ainda não havia chegado. Despedi-me de Cykes, e pedi para que ela mandasse alguns recados para Stiffy e Brooke, que tinham ido numa feira de discos de vinil. Super a cara delas essas coisas, e Cykes também se encaixava em discos, mas os pais dela não haviam deixado ela sair. Desliguei o computador e desci as escadas para encontrar meu pai e comer alguma coisa antes de dormir.

“Oi pai.”

Dei um beijo no rosto de papai enquanto ele pendurava as chaves no chaveiro pregado ao lado da porta.

“Oi Jullie. Está sozinha, filha?”

“É, estou. A mamãe veio em casa de tarde, umas 5 horas, foi para uma reunião em outra cidade e até agora não voltou. Pensei que tivesse falado com ela.”

“ Ah, claro. Eu havia me esquecido dessa reunião... Bom, eu estou cansado, vou tomar um banho e dormir. Está tudo bem?”

Era bem típico do meu pai se esquecer das coisas que as pessoas falam. E mais típico ainda, era ele chegar e não querer puxar assunto comigo. Em certo ponto eu até gostava disso, mas as vezes eu parecia sentir falta.

“Sim, tudo bem. Boa noite, pai.”

Fui até a cozinha e enquanto ele subia as escadas respirando fundo o suficiente para que eu ouvisse do andar de baixo, peguei alguns frios e suco na geladeira e pães no armário. Depois de comer coloquei as louças na pia e subi as escadas pulando alguns degraus. Escovei os dentes e amarrei o cabelo em um rabo de cavalo um pouco frouxo. Eu estava no banheiro e não fazia muito tempo que papai havia chego, mas incrivelmente, eu já conseguia ouvir os roncos.

Deitei-me e peguei o meu IPod, colocando os dois fones no ouvido enquanto me cobria e procurava uma posição confortável na cama. Não demorou muito para que eu ouvisse o carro da minha mãe chegando. Silenciosamente ela entrou em casa, mas eu podia perceber seus passos. Ela parou na porta do meu quarto, apagou a luz e eu fechei os olhos, fingindo que estava dormindo. Eu não tinha sono, mas queria poupar conversa. Ela pareceu acreditar no meu sono de anjo e foi dormir.

Durante a noite um sonho estranho me perturbou. Eu estava em um lugar escuro, mas para cada lado que eu olhava, encontrava uma porta entreaberta. Passei em cada uma delas, sem atravessar por nenhuma das portas. Em uma estava Christofer, sentado em uma cadeira com um violão apoiado na perna e no chão haviam pétalas de rosas. Ele me olhava, sorria e chamava meu nome. Em outra porta, estava John. Encostado em uma parede e com uma rosa entre os dedos. Ele acariciava cada pétala. Olhou para mim, sorriu e chamou meu nome, como Christofer. Em outra porta eu podia ver Brooke, Cykes, Stiffy e Sierra. Não entendi o porque de Sierra estar ali, mas estava. Elas estavam sem rosas mas olhavam para mim, sorriam e chamavam meu nome.
“Filha, Jullie! Está na hora!”

Me levantei assustada, e sem contar o sonho para minha mãe fiz todas as coisas que me cabiam fazer todas as manhãs antes de ir ao colégio.

Enquanto tomava café, minha mãe me contava da reunião da noite anterior, mas eu não pude entender nem se quer uma palavra dita por ela. Eu só pensava no sonho, nas cartas, nas rosas, em Christofer e em John. Eu não estava entendendo. Será que essa mudança de cidade de uma hora para outra estava mexendo com minha cabeça? Será que eu estava começando a ver coisas onde não existiam? Ou as coisas estavam mesmo acontecendo estranhamente?

Ao chegar na escola, a sala já estava um pouco mais cheia, sinal de que eu havia me atrasado um pouco. Até Sierra estava lá, e sentada na carteira atrás da minha. Ela me olhou entrar na sala e sorriu, com o mesmo carisma da primeira vez. Pendurei minha bolsa na minha carteira e sentei-me, virada para ela.

“Oi Jullie. Como está?”

“Olá. Hum, Bem, e você?”

“Tudo ótimo... posso levar um papo contigo depois da aula?”

Ai meu deus. Não sei por qual motivo, mas ouvir ela dizendo isso me deu uma pontada no peito, como de preocupação.

“Sim, claro. Mas, não quer adiantar?”

Sierra olhou para a porta logo em seguida e Chris entrara. Ela voltou a me olhar, mas dessa vez sem sorrir.

“Não, Jully. Depois.”

Me assustei um pouco com a forma dela falar, assenti e virei-me para frente.

“Tá ok.”

Em meio segundo Christofer já estava do meu lado, e automaticamente na diagonal de Sierra. Ele a cumprimentou apenas com a cabeça e um sorriso.

“Oi Jully.”

“Oi, e ai? Como foi com os meninos da banda?”

No momento em que pronunciei a palavra ‘banda’ um sorriso enorme se estendeu pelo rosto de Christofer. Seus olhos brilharam e ele encheu a boca para me responder com entusiasmo.

“Cara, eles surtaram! Do mesmo jeito que eu havia te dito, eles enlouqueceram! Você tinha que estar lá para ver, nossa!”

Não me irei para olhar, mas por causa das carteira grudadas, senti Sierra virar-se para trás, provavelmente para conversar com a garota ali sentada.

“Que bom! Eu bem que podia imaginar mesmo... e então está certo que vão tocar no Festival?”

“É claro! Não íamos perder essa chance, nunca!”

No momento em que Chris terminou de falar, um inspetor entrou na aula para dar um comunicado.

“ATENÇÃO PESSOAL! POR FAVOR, ATENÇÃO! A DIRETORIA CONVOCOU UMA REUNIÃO DE MESTRES DE ULTIMA HORA, PORTANTO, A AULA DE HOJE ESTÁ SUSPENSA! A AULA DE HOJE, SUSPENSA! BOM FINAL DE SEMANA A TODOS.”

Olhei para Christofer e ele estava rindo consigo mesmo.

“Era tudo que eu mais precisava. Tudo está conspirando ao meu favor, que ótimo.”

Eu ri com ele, e Sierra se levantou e parou ao meu lado.

“Jullie, podemos conversar agora?”

Christofer fechou a cara no exato momento, olhou para mim com uma expressão de medo e eu tentei me comunicar com ele por olhares, mas não tive sucesso.

“Claro, a aula foi suspensa, né? Podemos conversar sim.”

“Bom, Jully. Te vejo mais tarde? Passo na tua casa para conversamos... Tchau S-Sierra...”

“Aham, tchau.”

Sierra apenas o olhou, sem dizer nem se quer uma palavra. Adorei o modo como ela começou a conversa, sem embolação, foi direto ao ponto.

“Jullie, eu não quero parecer intrometida, mas me disseram que ontem você e Chris foram embora juntos. É verdade?”

Eu assenti e mesmo assim tive que adicionar algumas palavras a minha resposta.

“Fomos embora juntos. Nós moramos na mesma rua, e ele pediu para conversar comigo, mas, Sierra, quero qu...”

“Não, não, não. Jully, Eu não preciso de explicações. Só quero deixar claro que se alguma coisa acontecer, eu não vou virar a cara para você. Acredito que já amadureci o suficiente para ter noção dos motivos que podem separar as pessoas, e eu tenho certeza que o Christofer não vai ser o motivo que possa nos separar. Você chegou agora, e acho que precisa de uma amiga aqui, e conte comigo, para o que precisar.”

Eu não podia deixar de achar estranho essa situação. Eu não estava interessada no Chris, pelo menos eu achava isso. E a ex-namorada dele não precisava ser minha amiga se ela não quisesse. Cada dia que passava, ou melhor, a cada minuto as coisas ficavam mais estranhas por aqui.

“Sierra... eu não quero nada com o Christofer. Não faz muito tempo que saí de um relacionamento perturbador e não quero me envolver com alguém agora. Mas mesmo assim, obrigada. Obrigada mesmo.”

“Não me agradeça, Jully. E... se cuida. Bom, eu preciso ir... vou aproveitar que hoje não tem aula para arrumar meu quarto... Segunda nos vemos. Tchau, Jullie.”

O pedido dela para que eu me cuidasse me deixou duvidosa dos fatos.

A conversa com Sierra foi curta, e para mim não fez muita diferença. Eu não podia deixar de ouvi-la, mas eu realmente pensava que ela estaria muito brava ou decepcionada comigo por ter ido embora com Christofer. Para falar a verdade, eu gostava da companhia dele. Ele era engraçado, não dizia coisas imbecis e eu não conseguia ficar algum tempo que fosse sem sorrir com ele. Mas se da parte dele havia alguma coisa a mais, eu precisava deixar claro que da minha parte não havia nada. Pelo menos até onde estávamos tudo estava equilibrado e eu não havia percebido nenhum sinal de diferença entre os sentimentos que nos acompanhavam. Mesmo estando com Chris eu pensava em John, e talvez isso fosse uma prova a mim mesma de que da minha parte, nada estava diferente. Eu não podia fazer nada no momento, aliás, eu podia sim. Esperar e deixar que o tempo me mostrasse tudo.



Capítulo 13


O resto do dia foi tranqüilo, como eu imaginei que seria. Avisei minha mãe de que a aula estava suspensa e antes de ir para casa fui até o supermercado comprar algo para fazer no horário do almoço. Na ultima vez em que passei naquele supermercado, Christofer me encontrou, e eu esperava que isso não se repetisse. Eu precisava pensar. Pensar ainda mais do que estava pensando. Eu precisava de mais tempo com mais pensamentos. Comprei macarrão instantâneo e refrigerante, mais prático eu não poderia encontrar.

Ao chegar em casa coloquei as compras na cozinha e subi para meu quarto. Eu não daria a sorte de encontrar alguém online a essa hora, todos estavam na escola, então resolvi dormir. No relógio eu podia ver que não passava das 9 da manhã, e se eu conseguisse dormir pelo menos até o meio dia, estaria disposta para qualquer coisa durante o dia. Troquei de roupa e deitei-me, com o IPod ligado e o celular do meu lado, embaixo do travesseiro. Isso era mania. Meu celular sempre ‘dormia’ do meu lado. Eu não saia de casa sem ele, e se isso algum dia acontecesse, eu me sentia nua, incompleta.

Não demorei muito a dormir e confesso que fiquei feliz por não ter tido nenhum sonho que atrapalhasse meu sono.

Eu ainda estava dormindo quando o celular vibrou embaixo do travesseiro. Abri-o sem olhar o nome ou número de quem ligava e atendi, com a voz sonolenta.

“Alô?”

“Jullie? É o Christofer. Está bem?”

“Hum, oi Chris. Tudo bem, e... obrigada por me acordar, eu havia prometido a mim mesma que dormiria até o meio dia mesmo...”

Enquanto me levantava, me despreguiçando, olhei no relógio pousado em minha escrivaninha e marcava meio dia em ponto.

“Ah, eu te acordei? Foi mal... eu não ia te ligar, mas resolvi ligar antes de ir até aí para ver se estava em casa...”

Que ótimo. Ele não só me acordou como também vai vir em casa. E eu aqui, de pijama, toda horrorosa e com a maior cara de acabada.

“Você vai vir aqui?”

“Sim, eu estava pensando em ir se não atrapalhar, é claro.”

“Não, não... Pode vir, só me dê alguns minutos. Eu preciso tomar um banho e comer, voc...”

“Tudo bem, Jully. Tome banho, não precisa comer. Tá afim de ir na lanchonete comigo? Meus pais foram viajar e estou com preguiça de fazer comida... e aí?”

Acho que não havia nada de errado em aceitar o convite, e além disso, não podia resistir ao pedido de deixar a cozinha limpa até a hora que mamãe chegasse em casa.

“Perfeito. Só vou me arrumar e já podemos ir. Me encontra aqui?”

“Claro. Precisa de quanto tempo?”

“3 horas está de bom tamanho, rs. Brincadeira, Chris. Bom, agora são meio dia... pode vir entre 12h50min e 13h?”

“Tudo bem... então, te vejo daqui a pouco.”

“Tchau.”

Desliguei o telefone e fui até o guarda roupa pegar alguma blusa e calça jeans. O tempo estava um pouco nublado, então peguei uma blusa de moletom para o caso de esfriar. Tomei um banho rápido, para dar tempo de secar o cabelo. Saí do banheiro e fui me arrumar no quarto, onde dei um jeito no meu cabelo e passei uma maquiagem de leve. Estava terminando de amarrar os tênis quando Christofer chegou e do jardim, gritou meu nome:

“Jully! Jully?”

Tropeçando nos cadarços me levantei e fui até a janela.

“Só um segundo, já estou descendo.”

Peguei o moletom, o celular e coloquei-o no bolso da calça enquanto descia as escadas. Saí de casa e Chris estava me esperando do outro lado da rua. Atravessei e fui me encontrar com ele.

“Estava terminando de amarrar o tênis...”

“Relaxa. Tá bonita.”

Dei um sorriso fechado e torto, e ele segurou meus ombros e me deu um beijo na bochecha, sorrindo. Fomos andando e percebi que Christofer estava com o violão nas costas. Não sabia que aqui as pessoas comiam com instrumentos musicais. Provavelmente ele me viu olhar para o violão, e se explicou.

“Ah! Eu tenho ensaio hoje, mais tarde. E pensei que talvez você pudesse querer ir comigo... estamos passando algumas musicas novas, para o Festival e se quiser ir para nos dar opiniões e tal... topa?”

“Tudo bem, pode ser, mas... não vai atrapalhar? E também, você não deve ter avisado os outros da banda de que vai me levar, eles podem achar ruim, não?”

“Sem problema nenhum, se liga, eu mando naquela banda, rs.”

Ao terminar de falar, Chris deu risada, e ele parecia animado.

“Tudo bem então, eu vou, mas, me diz, o que você faz na banda?”

“Ah, vocal é meu. Mas eu curto tocar também, por isso levo o violão nos ensaios. Em apresentações não, eu só canto.”

“Hum... Christofer vocalista de uma banda. Interessante... e qual o nome?”

“The Best Cloud.”

“Bom nome... Christofer vocalista da banda The Best Cloud... Muito interessante, hein?”

Nós dois demos risada e quando me dei conta já estávamos entrando na lanchonete. Não tinha muita gente, e Chris quis sentar no fundo da lanchonete, onde ao redor das mesas tinham sofazinhos no lugar de bancos. Para mim era indiferente o lugar onde íamos sentar. Pedimos os nossos lanches e enquanto não chegava, Christofer me fez [mais] um convite.

“Jully, já sabe o que vai fazer sábado que vem?”

“Acho que nada... porque?”

“Porque o Festival é sábado que vem, e eu ia adorar se você fosse.”

É claro que para esse pessoal das bandas, quanto mais pessoas em uma apresentação melhor era. Mas as palavras de Christofer me deixaram com algumas borboletas no estômago.

“Ah, claro... Seria ótimo.”

Pode ter sido uma super impressão da minha parte, mas os olhos de Chris brilharam ao encontrar os meus, e principalmente ao me ouvir responder. Ele sorriu e mexeu na franja. Incrível, mas parecia que ele sabia exatamente qual era meu ponto fraco e como eu ficava boba quando ele mexia naquele maldito cabelo.

No mesmo instante, a garçonete nos interrompeu colocando os lanches na mesa. Comemos os lanches enquanto combinávamos os planos do sábado que vem.

“Eu posso passar na tua casa pra te buscar e irmos juntos, mas vou para o Festival mais cedo, e talvez você se importe de estar lá enquanto tudo estiver vazio...”

Na verdade eu queria tempo para me arrumar e talvez chegar lá quando ainda estivesse vazio podia mesmo ser chato.

“Não, Chris... não precisa. Eu encontro você lá, pode ser? Talvez uma amiga minha de Dallas venha para cá exatamente no final de semana do Festival, e eu vou com ela, nem se preocupe.”

Eu mesma não sabia dessa história de que alguma das meninas viria para Houston, mas a idéia me pareceu perfeita.

“Você escolhe, mas promete que vai?”

“Ahhh! eu vou, já disse. Encontro você lá.”

Ele sorriu e olho no relógio ao terminar de comer.

Ficamos conversando por algum tempo antes de sair da lanchonete, e, no entanto, ainda estava cedo para o ensaio. Saímos da lanchonete e andamos pelo centro da cidade, praticamente a tarde inteira. Em alguns momentos Christofer falou de Sierra, e me fez contar o que ela havia dito para mim. É claro que eu evitei a parte de que pudéssemos ter alguma coisa, mas ele não pareceu acreditar muito na história que inventei para substituir essa parte. De algumas formas ele me mostrou sentir falta dela, mas me envergonhou um pouco ao dizer:

Eu sinto falta dela... mas quando eu estou andando com você, conversando, como estamos agora, meus pensamentos fogem até dela...”

Abaixei a cabeça e comecei a pensar no que Sierra havia me dito algumas horas antes, e do que eu havia respondido a ela. Buscando alguma forma de me distrair, peguei meu celular para ver as horas.

“ Chris, já são 17h48min. Não acha melhor irmos para o ensaio?”

“É, sim... vamos indo... sempre chego atrasado, os caras me xingam até a morte por isso.”

Segui ao lado de Christofer, e talvez ele tenha percebido a minha timidez com aquilo que ele disse, e não falou mais nada parecido durante o caminho. E quando chegamos no ensaio da banda, mais uma coisa me envergonhou.



Capítulo 11

“Jullie, Mais de uma semana se passou desde a última carta que recebeu, e por enquanto, você não demonstrou nenhum interesse de me querer por perto, ou até mesmo de querer saber quem sou. Infelizmente a única forma que tenho de estar perto de você sem nos comprometer, é por cartas, e enquanto eu não estiver confiante de que você não irá me rejeitar, essas cartas serão sempre anônimas. E mais uma vez eu te digo, não se assuste. São apenas cartas.”
Depois de ler a carta mais de 5 vezes seguidas, eu estava ficando quase tonta. Nada se encaixava. Parecia um pouco infantil da parte de quem me escrevia essas cartas, porque cartas anônimas são infantis.
Pelo menos a última carta anônima que recebi antes dessas, foi quando eu devia ter no máximo sete anos, no correio elegante da escola. E o detalhe é que até hoje eu não descobri quem me mandou aquele bilhetinho anônimo. Mas agora eu esperava descobrir quem era o mandante dessas cartas.
No fundo do envelope, como na última carta, havia mais uma pétala de rosas, que provavelmente era da mesma flor, porque tinha a mesma cor e a mesma textura da outra pétala.
Guardei a carta junto da outra que estava dentro de uma caixa no meu guarda roupa, e liguei o computador. Enquanto esperava carregar, da rua ouvi alguém me chamar.
“Jullie! Jully! Aqui fora!”
Quando pensei em me levantar da cadeira para ir até a janela, uma pedra entrou dentro do meu quarto. Eu não precisaria disso tudo para saber que era Christofer, mas fui até a janela para ter certeza e pedir para que ele esperasse um pouco.
“Calma! Já to descendo!”
Ele andava em círculos por meu jardim e parecia animado. Desci as escadas correndo e quando cheguei na porta, ele já estava ali, mexendo na franja, como sempre. Ao abrir a porta ele deu um sorriso extremamente brilhante, que até me fez sorrir.
“Jullie! Eu estou tão feliz!” Enquanto entrava na minha casa e falava empolgadamente, ele me puxou pela cintura e me envolveu em um abraço tão forte que se talvez eu fosse um pouco mais fraca do que era, ele poderia quebrar minhas costelas.
“Wow! Me fala Chris, qual o motivo de tanta felicidade?” Eu não podia deixar de ficar empolgada com ele naquele estado. Nunca havia visto-o tão feliz. Ele respirou fundo e olhou para todos os lados, até que seus olhos encontraram o sofá.
“Ah, claro. Senta aí, Chris.”
Sentei-me em uma ponta do sofá, apontando para a outra ponta, para que ele se sentasse. Ele mexeu mais uma vez na franja e se sentou, respirando fundo mais uma vez, mas sem tirar o sorriso dos lábios.
“Cara, você não vai acreditar! Jullie! Nós vamos tocar no Festival de Música de Houston! Isso não é perfeito?”
Ao falar o nome do evento, Chris deu um pulinho no sofá, batendo a mão no assento entre nós. Eu estava completamente desnorteada. Do que ele estava falando?
“Vamos?”
“Ah, Jully! Eu tenho uma banda, acho que esqueci de te falar... Mas enfim, minha banda foi uma das escolhidas para tocar no Festival. Esse Festival é magnífico. Muitas das bandas que eu curto começaram a fazer sucesso depois de tocar no FMH, e cara, não acredito! Eu e minha banda vamos estar tocando naquele palco! Jully!”
Uau. Christofer tinha uma banda.
Nunca conversamos sobre música, por isso ele nunca me disse nada. E eu estava começando a me empolgar. Festivais de música eram ótimos. Em Dallas sempre tinha um Festival em que a banda do irmão da Allison tocava, e eu ia.
Era legal, nós sempre gostamos de shows e esses festivais eram ótimos para conhecer gente nova. Stefani sempre ia embora dos festivais cheia de coisas para nos contar sobre o garotos que ela fazia ‘amizade’, se é que entendem. Allison ficava encantada com os instrumentos dos caras das bandas, e era incrível como ela conseguia se socializar com qualquer pessoa que começasse a falar até de cordas de guitarra. Cass ficava atenta nas letras das músicas, no estilo e no visual das bandas.
“Ah, Chris! Isso é ótimo! Adoro Festivais, e você tem uma banda, uau! De verdade, fico feliz por você!”
“Você não tem noção de como os caras vão ficar quando eu contar para eles! Eu acabei de ver o nome da nossa banda no site do Festival, e como estava indo para o ensaio agora mesmo, aproveitei para vir te contar. Eu queria contar para alguém!”
Eu estava feliz por ele, de verdade. Eu sempre sentia as alegrias das pessoas, mesmo que o motivo fosse totalmente insignificante para mim. Sorrindo, eu me levantei e fui até a cozinha. Christofer veio atrás de mim, e enquanto eu abria a geladeira para pegar uma garrafa de água, eu falava:
“Nossa, eles vão surtar! Eu não os conheço, mas se você que é controlado, pelo menos até onde eu pude conhecer, está desse jeito, imagine eles. Hey, quer água?”
Ele encostou na bancada da cozinha e eu me sentei na mesa.
“Não, não, valeu. Cara, eles vão surtar! De verdade!”
“Festivais são legais. Em Dallas tinha de vez em quando. Eu gosto, sempre ia...”
“Perai, você é de Dallas?”
“Sou... nasci lá. Porque?”
Christofer deu um risinho irônico e novamente mexeu no cabelo enquanto olhava no celular, provavelmente para ver as horas.
“Tenho uns amigos que moram lá, aliás, faz tempo que não os vejo... Cara, to atrasado! Jully, posso passar aqui depois do ensaio para conversarmos mais?”
Eu me levantei e joguei a garrafa na pia. Como eu ia dizer a ele que não? Na verdade, ele até poderia vir, mas meu pai faria um questionário enorme se encontrasse com Christofer em casa quando chegasse do trabalho.
“Hum... Desculpe, Chris, mas eu ainda tenho que arrumar meu quarto. E estou um pouco cansada, talvez durma mais cedo hoje... Se não se importa, podemos conversar amanhã, hein?”
Enquanto ele saía pela porta sorridente desde o momento em que entrou, se despediu de mim com um beijo na bochecha.
“Relaxa, Jully! Amanhã conversamos, tudo bem?”
“Claro, sem problemas... e ah, boa sorte no ensaio!”
Levantei duas figas com os dedos quando terminei de desejar boa sorte a ele, que andava mexendo no cabelo em direção ao centro da cidade.


Ao entrar em casa, me lembrei do computador ligado, e do que eu já estaria fazendo se Christofer não tivesse chegado ao meu jardim e quase ter surtado ali mesmo. Subi as escadas rapidamente e conectei a internet para conversar com alguma das meninas. Alguém tinha que me ajudar e talvez essa nova carta pudesse me dar mais alguma pista. Allison estava online, e foi pra ela que contei todos os meus pensamentos e relações. E foi ela quem me contou que John estava estranho.

Trilha Sonora

Olá!

Hoje, coloquei aqui no blog a primeira música que acompanhará a nossa história que é "Always Attract - You Me At Six", escolhida por Cynara. Eu e todos os outros organizadores do blog realmente esperando que estejam gostando de But&Hur e desde já, peço desculpas pelo atraso de algumas postagens. Estamos todos com alguns probleminhas em relação à escola ou coisas do tipo, e por isso, ás vezes nos atrasamos com os capítulos. Mas continuem acompanhando, e dêem suas opiniões na comunidade.

Beijossss ♥


Kamila.

Capítulo 10

A minha fome havia passado, como se a voz dele fosse a fonte de todas as minhas energias. Ou como se ele mesmo fosse essa fonte. Levantei-me do sofá e subi as escadas, arrastando os pés, como se estivesse fraca. Meu corpo se atirou na cama e estirada ali permaneci pensando. Pensando em tudo que estava acontecendo, em tudo que poderia acontecer. Coisas absurdas se passaram por minha mente, e por algum momento eu pensei que pudesse estar louca. Sem auto controle sobre mim mesma, alguns minutos depois meus olhos se fecharam e quando acordei novamente, minha mãe estava me acordando.

“Filha... acorda, o que aconteceu?”

Assustada eu levantei rapidamente, e ela estava sentada na minha cama. Passei a mão em meu rosto e pude senti-lo molhado.

Não entendi como pude chorar dormindo, mas foi isso que aconteceu.

“Nada, mãe... eu só estava cansada quando cheguei, e... que horas são? Já está de noite?”

Ao mesmo tempo em que enxugava o rosto, olhei para a fora da janela, tentando ver o céu sem precisar me levantar da cama. Meus pais sempre chegarão de noite em casa, achei estranho. O dia inteiro podia ter passado em poucas horas enquanto eu dormia?

“Não, amor... cheguei mais cedo hoje. Ainda são quatro e meia da tarde. Tem certeza que está bem? Você nunca dorme durante a tarde...”

“Ahn... claro mãe, eu estou bem, não se preocupe. Eu vou tomar um banho, tudo bem?”

Me despreguicei, apenas para despistá-la. Eu não queria contar a minha mãe nada sobre John. E nem sobre a carta anônima. E nem sobre Christofer ter vindo conversar sobre Sierra hoje. Eu não queria deixar minha mãe preocupada com a minha vida. A vida dela já era demais, e ela não merecia meus problemas fúteis.

“Bom, eu vou sair daqui a pouco. Tenho uma reunião na cidade vizinha. Se você quiser vir comigo, filha.”

“Ah, tudo bem mãe... mas eu não vou não, acho que vou sair para andar um pouco por aí, você precisa que eu vá?”

“Não, amor... pode ficar aqui, eu só pensei que iria gostar de ir comigo.”

“Ah, entendi mãe.”

Forçadamente um sorriso se estampou em meu rosto, em forma de agradecimento. Peguei roupas no guarda roupa e fui tomar banho enquanto minha mãe descia as escadas e seguia em direção da cozinha. Provavelmente ela iria preparar algo para comer, e eu aproveitaria para comer algo também, agora eu podia sentir meu estômago roncar.

Desci as escadas escovando o cabelo molhado e minha mãe já tinha preparado o lanche. Ela estava sentada na mesa, e eu me sentei ao lado dela. Enquanto comia, eu tentava desviar os olhos dela. Minha mãe sempre percebia quando algo estava errado. Eu tinha medo dela nesse aspecto. Sempre que eu tentei aprontar alguma coisa quando era criança, ela percebia, e obviamente eu ficava de castigo. Agora era provável que eu não ficaria de castigo, mas eu agia por instinto.

“Bom, eu já vou filha... Qualquer coisa me liga no celular, eu vou deixar ele no silencioso enquanto eu estiver na reunião, mas pode ligar. Seu pai chega mais tarde, e eu deixei comida na geladeira, ta?”

“Aham, valeu mãe...”

Ela se aproximou de mim enquanto eu colocava os pratos na pia e me deu um beijo no rosto, como sempre. Eu gostava da atenção da minha mãe. Mesmo quando ela sabia que não me alegraria muito, ela sempre me dava atenção, as vezes até mais do que o suficiente.

Subi para meu quarto e peguei meu celular, coloquei os fones do IPod no ouvido e desci as escadas de dois em dois degraus.

Saí de casa alguns minutos depois que minha mãe e saí andando, sem nem mesmo saber para onde iria. Eu precisava de um tempo comigo mesma. Espairecer as idéias parecia perfeito naquele dia. Enquanto andava pensei em tudo que já havia pensado antes de dormir. Mas dessa vez tudo pareceu se relacionar. De um jeito estranho, mas se relacionou.

Enquanto eu morava em Dallas, John correu atrás de mim pouquíssimas vezes, e só pediu para voltar comigo uma vez. Christofer e Sierra eram namorados lindos e apaixonados, até eu chegar. Sierra faltou no dia em que Chris veio falar comigo, tudo bem que talvez ele pudesse ter pensado em falar comigo exatamente por ela não estar presente, mas porque ele veio falar comigo? Ele sempre teve amigos, e é estranho uma pessoa contar tudo que fez o namoro acabar para uma pessoa que acabou de chegar na cidade. Aquela carta anônima veio parar em minhas mãos exatamente no dia em que Christofer se revoltou com o mundo e não falou com ninguém. E no jardim de Chris havia um roseiral e as flores eram da mesma cor que aquela pétala que recebi junto com a carta. Não, claro que não podia ter sido ele o remetente daquela carta, mas... Ok, podia ser ele, mas qual o propósito disso? Estranho demais. Rapidamente dei a volta e segui para casa. Eu precisava discutir sobre essas relações com alguém, com alguma das três que me dariam alguma luz. Percebi estar andando um pouco mais rápido que o normal, mas não diminui o ritmo por isso. Abri o portão e rapidamente entrei em casa. Tudo estaria perfeito se eu não tivesse escorregado no momento em que coloquei os pés no quintal. E depois de me levantar, quando olhei para o chão, mais um envelope branco endereçado a mim estava ali. Olhei para todos os lados da rua, tentando ver se encontrava alguém que pudesse ter jogado a carta, mas a rua estava deserta. Diretamente olhei para a casa de Christofer, e naquele momento, a luz da sala se acendeu. Ou seja, alguém havia acabado de chegar na sala, ou na casa. Dei um riso de dúvida comigo mesma e corri para dentro de casa, subindo para o quarto e me jogando na cama enquanto abria a carta, ansiosamente.