Capítulo 2

Capítulo 2


Tentando me concentrar um pouco mais na música que tocava no IPod, não prestei muita atenção no caminho que minha mãe fez com o carro até eu ver uma esquina com algumas pessoas, que provavelmente seriam estudantes da escola grande e ampla que eu já podia enxergar. Pensei que se talvez minha mãe não parasse com o carro bem na frente da escola, seria mais fácil eu entrar despercebida.

“Mãe, não precisa me deixar na frente da escola, eu... é, eu acho que consigo chegar até minha sala sozinha. E também, sozinha, talvez seja mais fácil de eu me socializar com o pessoal... pode me deixar aqui.” Menti. Eu não estava preocupada em me socializar, e nem com o que pensariam de uma novata que chega no colégio em um carro vermelho.

Ah, sim. Minha mãe sempre fora bem diferente de mim. Enquanto eu escolhia preto ou branco, ela sempre queria vermelho. A pessoa que mais poderia chamar atenção em um lugar era minha mãe, com aqueles cabelos louros cacheados e aquele jeito super simpático de se apresentar. Por mais que ela sempre tentasse deixar a sua filha pelo menos um pouco parecida com ela, a única semelhança entre nós era a cor dos olhos. Castanho esverdeado.

“Bom, então ta meu amor, quando quiser ir embora ligue pro seu pai. Ele tem uma reunião aqui perto e disse que viria te buscar.”

Meu pai vindo me buscar no colégio? Não, eu não estava ouvindo aquilo. Em toda a minha vida, eu posso ter a certeza de que às vezes em que meu pai foi em buscar na escola eram mínimas. Ele sempre ia a apresentações toscas de Dia Dos Pais, mas até onde eu entendia, o que mais ocupava o tempo dele era o trabalho. Pelo menos até minha ultima noite em Dallas a engenharia pareceu ter mais importância do que eu. Mas não, provavelmente eu não estava louca. Minha mãe talvez só estivesse tentando me deixar um pouco mais empolgada. Como se a presença do meu pai depois de 16 anos fosse fazer alguma diferença.

“ Bom, minhas aulas terminam 14h, eu realmente acredito que queira ir embora tipo, daqui a dez minutos. Mas eu vou esperar do outro lado da rua. Tchau mãe!”

O carro do meu pai não era nenhum monstro colorido e raro da cidade, então não me importava de esperá-lo perto da escola. Deixei que minha mãe me desse um beijo na testa, como ela sempre teve o costume de fazer. Peguei minhas coisas e saí do carro, torcendo para que a maior chuva dos últimos tempos caísse naquele momento, só para adiar um pouco mais aquele dia.


Com os dois fones nos ouvidos, segui para a escola, tendo a leve impressão de que olhares estavam sobre mim. E obviamente, perguntas sobre quem eu era e o que estava fazendo ali estavam prestes a sair da boca das pessoas. De cabeça baixa andei por todo o caminho, entrando na escola cumprimentando apenas o segurança que estava no portão, e que educadamente sorriu para mim, como se pudesse entender o que estava acontecendo.

Procurei por minha sala, olhando a placa de todas as portas que aparecia pela frente. Depois de quase rodar aquela escola inteira, que mais parecia um clube de tão grande, encontrei minha sala. A porta estava fechada, o que me levou a pensar em duas alternativas. Primeira: a porta estava fechada porque já estava lotada de pessoas fazendo zona, gritando e pulando como se estivessem em um show de rock. Segunda: Não havia ninguém na sala, tirando aqueles nerds que chegam à escola e se excluem das pessoas para ler livros de astronomia ou filosofia. No caso, eu seria um deles, mas sem os livros toscos, por favor. Concentrei-me em acreditar na segunda opção, porque gritos eu não ouvia, e no corredor não havia mais ninguém além de mim.

Abri a porta e deixei um sorriso torto escapar entre meus lábios quando percebi a sala absolutamente vazia. Procurei um lugar perto da janela, precisaria olhar para fora quando não estivesse mais agüentando aquele lugar e aquelas pessoas totalmente desconhecidas. Me sentei na carteira, pendurando minha bolsa no encosto, ao mesmo tempo que sondava a sala. As paredes eram brancas, com alguns cartazes expostos, o que parecia deixar a sala um pouco maior do que já era. Quando por fim me dei realmente conta de onde eu estava, pensamentos distintos começaram a me atormentar. Coisas que eu não queria pensar, mas acho que era o que eu precisava no momento. Lembranças do lugar onde eu morava, aquela cidade pequena onde todos se conheciam, onde eu tinha amigos que a essa hora estariam conversando e esperando o tempo passar para que a aula começasse, onde eu era feliz. Eu tinha saudades de tudo aquilo, tinha saudades das minhas amigas, que eram irmãs para mim. Eu queria pensar nelas e em tudo que eu tive de deixar para trás ao mesmo tempo em que queria evitar lágrimas, e isso era uma combinação nada justa.


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Oie, leitores mais lindos do mundo.
Não sei em quantos, exatamente, vocês estão, mas cada um de vocês já está ajudando bastante, seja com divulgação ou até mesmo, lendo. Eu espero que estejam gostando, e se, como eu, acharem que o começo está meio chato, não deixem de ler, porque eu garanto que depois, as coisas mudam de rumo. Obrigada, mais uma vez! ♥


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