Capítulo 15/ Recado

Capítulo 15

Durante o final de semana ajudei minha mãe a dar os últimos toques na organização da casa e coloquei a conversa em dia com minhas amigas. Com a idéia de que alguma delas fosse comigo no Festival na próxima semana, pedi às três que decidissem quem viria para Houston primeiro. Se fosse por mim, eu teria as três aqui todos os dias, mas os pais delas eram normais, e talvez por isso, nenhuma delas poderia abandonar a vida em Dallas para vir morar comigo, claro. Elas tinham novidades ótimas. Cykes estava quase conseguindo conquistar o garoto por quem era apaixonada há meses. Segundo ela, ele estava conversando com ela todos os dias durante o intervalo da escola, e tinha convidado-a para sair. A mãe de Brooke deu a ela um quadro com fotos da banda My Chemical Romance, e ela estava radiante por isso. Stiffy queria viajar para a casa dos tios em outro País para ver o primo-amigo por quem os olhos dela sempre brilhavam, e os pais dela estavam quase deixando. Eu estava aqui, com alguns probleminhas, mas se elas estavam felizes, o máximo que eu podia fazer, era ficar também.

Chris não deu nenhum sinal de vida durante o final de semana inteiro, e me perguntei se isso era conseqüência da tentativa sem sucessos dele. Eu não tinha outros amigos na cidade, e me fiquei com medo de talvez, ele me ignorar dali para frente. Como não estava fazendo nada do domingo a tarde, resolvi andar um pouco, mesmo que fosse sozinha.

“Mãe, pai? Se importam se eu der uma saída? Só vou andar, por aqui perto mesmo...”

Meu pai me olhou e em seguida olhou para minha mãe, como sempre fazia quando eu pedia permissão para fazer algo. Isso deixava minha mãe com mais ordem ainda sobre mim.

“Sim, Jullie. Pode ir, mas não volte tarde, tudo bem?”

“Tá bom, mãe. Tchau, eu amo vocês.”

Dei um beijo na bochecha de cada um deles e enquanto saía de casa, pude ouvi-los cochichando algo que eu não pude ouvir muito bem.

Passei na frente da casa de Christofer e somente algumas luzes no andar de cima estavam acesas. Pensei em chamá-lo, mas fiquei com as pernas trêmulas, e por isso segui a caminhada sozinha. Pensando em qualquer coisa, com o IPod no ouvido eu dava voltas pelo parque. O mesmo parque em que eu estivera com Chris na sexta-feira. Passei ao lado do banco em que estivemos sentados, e em menos de minutos eu já estava voltando. Mas não para casa, e sim para a casa dele. Resolvi chamá-lo, para conversar, apenas.

Arrumei o cabelo, por mania, e toquei a campainha. Uma senhora que provavelmente era mãe dele, atendeu e educadamente me recebeu.

“Sim?”

“Oi, muito prazer, Jullie. Eu moro ali na frente, er... Christofer está?”

“Ah, olá querida. Entre, eu vou chamar ele. Está no quarto.”

“Sim, obrigada.”

Entrei devagar e encostei-me na parede da sala enquanto ele não descia. A mãe dele voltou para a sala e em seguida foi para a cozinha.

“Jullie, ele já vem.”

“Obrigada.”

Mais alguns minutos e Chris já estava descendo. Ele pareceu tímido ao me ver ali, na casa dele, procurando por ele. Um pouco de alivio me atingiu quando ele me cumprimentou normalmente, com um beijo na bochecha.

“Oi, Jully. Tudo bem?”

“Oi. Tudo, e você?”

“Tranquilo. Quer subir? Eu estava passando algumas músicas no violão...”

“Ah, desculpa se te atrapalhei em alguma coisa... Eu só queria andar e resolvi passar aqui para ver se quer ir comigo...”

“Sério? Agora?”

Ele fez uma careta expressando não muita vontade de andar, e eu entendi.

“Sim, mas... Se não quiser, sem problemas.”

“Não, não... Eu vou com você, só deixa eu colocar o tênis... vem comigo.”

“Tá.”

Ele foi na minha frente, subindo as escadas. Estava um pouco sem graça naquele momento, mas foi passando aos poucos. Christofer entrou no quarto e esperou que eu entrasse para fechar a porta. Pegou o tênis que estava ao lado da escrivaninha e acenou para que eu me sentasse na cama.

“Então, Jully... o que fez ontem?”

“Ah, nada. Só ajudei minha mãe a arrumar a casa e falei com minhas amigas. E você?”

Enquanto colocava o tênis ele me respondia.

“Ensaiei, quase o dia inteiro.”

“Ah, claro.”

Ele se levantou e eu me levantei também. Chris pegou o celular em cima da cama e se olhou no espelho enquanto arrumava a franja, daquele jeito. Me preocupei em não olhar muito, mas enquanto olhei, tive que me controlar para piscar.

“Mãe, eu vou dar uma volta com ela, mais tarde eu volto.”

Christofer gritou enquanto descia as escadas para sua mãe que estava na cozinha. Quando terminou de falar, ela já estava abrindo a porta para nós.

“Tudo bem filho, cuidado vocês dois.”

“Sim, Obrigada.”

Respondi educadamente e me despedi com a mão.

Seguimos pelo mesmo caminho que eu havia seguido antes, quando estava sozinha. Quando chegamos no parque, Chris foi direto ao banco para se sentar, ele parecia cansado. E se sentou no mesmo banco da última vez.

“Cara, eu não agüento andar muito, já estou cansado, acredita?”

Eu ri e me sentei ao lado dele.

“Sim, eu estou percebendo. Vim aqui hoje, sozinha, voltei para a sua casa e agora vim de novo e nem estou cansada... cada dia que passa os homens me provam como mulheres são fortes.”

Ele riu comigo e cruzou as pernas em cima do banco.

“Ah, Jully. Você é forte, porque tem mulheres que não agüentam dar nenhuma volta completa em um quarteirão...”

“Sim, mas eu agüento.”

“Se eu não estivesse tão cansado, eu apostaria uma corrida com você agora, só para te pirraçar.”

“Mas está cansado, é fraco, né, rs.”

“É, você ganhou. Mas então...”

Ele mudou da expressão sorridente e brincalhona para uma mais séria, como se algo tivesse acabado de acontecer e me olhou firmemente.

“Que foi, Chris?”

“Ah, Jully...”

“Christofer?”

“Jullie, eu... eu queria te perguntar uma coisa, mas, não quero que você pense em nada, por favor...”

Me assustei com a mudança de humor e principalmente com o assunto.

“Sim, pode falar...”

“Er... é complicado, mas... Como se chamava o seu namorado lá da outra cidade, mesmo?”

“Hum... Ele não era meu namorado, Christofer.”

“Não? Pensei que fosse...”

“Não, não era. John. Era esse o nome dele... mas, porque?”

Fiquei surpresa com a pergunta dele. Aquilo não fazia sentido, já estava até me acostumando com a falta de sentido nas coisas.

“Ah... Para saber, só.”

“Ahn, entendi....”

“Outra coisa... posso?”

“Fala.”

Talvez ele tenha percebido a minha frieza quando partiu a falar desse assunto, mas continuou.

“Se por acaso, ele voltasse, voc...”

“Christofer, ele não vai voltar!”

O interrompi antes que ele pudesse perguntar qualquer coisa com essa hipótese de John voltar pra mim. Ao terminar de falar, pude perceber lágrimas se formarem em meu rosto e tentando conter o choro, apertei as mãos nos olhos. Ele se aproximou de mim e me abraçou, posicionando minha cabeça em seu ombro.

“Jully, desculpa... Eu... Af, desculpa, mesmo.”

Eu chorava em seu ombro e não conseguia parar para respondê-lo. Eu não queria ter tocado naquele assunto, porque me fazia chorar quase sempre. Christofer sabia da história, até opinou sobre ela e eu não me envergonhei tanto por estar ali, chorando no ombro dele. Quando consegui por fim respirar normalmente e conter as lágrimas, me afastei dele devagar, enxugando as lágrimas ao mesmo tempo em que falava.

“Desculpa por isso, Chris... Eu não entendo porque consigo soltar uma lágrima se quer por ele, me desculpa, mesmo...”

“Relaxa. Você chora por ele porque ainda o ama. Talvez você precise de alguém que o faça esquecê-lo.”

Eu não achava uma boa hora para fazer merchandising de como Christofer se sentia em relação a mim, mas ele pareceu pensar que assim, fosse mais fácil.

“Jullie, não me leve a mal... Eu sei que não é a hora certa, mas, pode me dizer uma coisa?”

Assenti e abaixei a cabeça. Enquanto as ultimas lágrimas rolavam por meu rosto, Chris passou a mão para enxugá-las.

“Por que... me de um motivo apenas... Porque não me beijou sexta feira?”

Eu paralisei o olhar e a respiração. E lentamente consegui virar meu rosto em direção ao dele. Eu queria ter forças para responder isso olhando nos olhos dele.

“Porque não te beijei? Chris... eu ainda amo o John...”

“Isso não é motivo, Jullie! Você tem que esquecê-lo, de alguma forma. Se você não permitir que o esqueça, nunca vai esquecer.”

“Eu sei. Mas eu não consigo... Acha que é fácil?”

“Eu sei que não é.”

“Então... Por favor, agora não...”

Ele entendeu facilmente o que eu quis dizer com aquilo, e me impressionou por isso. Ele era diferente dos outros que já haviam tentando comigo o mesmo que ele estava tentando. Ele conhecia os limites, e eu sabia que seria fácil fazê-lo entender que eu não queria, caso eu não quisesse.

“Eu não vou te pressionar, Jully, nunca.”

“Obrigada.”

“Mas quando você se sentir preparada, eu também vou estar, ta?”

“Um dia, talvez, Chris.”

Respondi já com a voz trêmula. Ele me abraçou e mais uma vez lágrimas começaram a escorrer. A partir daquele dia eu sabia que além de um vizinho, mais do que um garoto querendo ficar comigo, eu tinha um amigo. Ele me passou essa informação quando se preocupou em me abraçar e deixar minhas lágrimas molharem sua blusa quando eu chorava. Chorava por outro.


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Leitores lindos, poucos que ainda existem, rs.
As minhas provas finalmente chegaram ao fim, masssss, vou postar pouco, ainda. Agora a coisa começa a ficar um pouco mais animada, as coisas legais começam a acontecer, e eu tenho que fazer algo para predê-los aqui, e um suspense nas postagens é perfeito para isso, hehe. Eu realmente espero que estejam gostando, mesmo! Eu continuo pedindo palpites, gente. Na comunidade, por favorrrrr.


(Eu estou feliz, e vou dizer uma coisa pra você, Fernanda. É, você mesma! O Leonardo vai querer me bater por isso, mas, quando ver ele, na universidade, diga que eu o amo, e que ele já pode deixar você me conhecer, rs.)


Bjss ♥