

Trilha Sonora
Hoje, coloquei aqui no blog a primeira música que acompanhará a nossa história que é "Always Attract - You Me At Six", escolhida por Cynara. Eu e todos os outros organizadores do blog realmente esperando que estejam gostando de But&Hur e desde já, peço desculpas pelo atraso de algumas postagens. Estamos todos com alguns probleminhas em relação à escola ou coisas do tipo, e por isso, ás vezes nos atrasamos com os capítulos. Mas continuem acompanhando, e dêem suas opiniões na comunidade.
Beijossss ♥
Kamila.
Capítulo 10
A minha fome havia passado, como se a voz dele fosse a fonte de todas as minhas energias. Ou como se ele mesmo fosse essa fonte. Levantei-me do sofá e subi as escadas, arrastando os pés, como se estivesse fraca. Meu corpo se atirou na cama e estirada ali permaneci pensando. Pensando em tudo que estava acontecendo, em tudo que poderia acontecer. Coisas absurdas se passaram por minha mente, e por algum momento eu pensei que pudesse estar louca. Sem auto controle sobre mim mesma, alguns minutos depois meus olhos se fecharam e quando acordei novamente, minha mãe estava me acordando.
“Filha... acorda, o que aconteceu?”
Assustada eu levantei rapidamente, e ela estava sentada na minha cama. Passei a mão em meu rosto e pude senti-lo molhado.
Não entendi como pude chorar dormindo, mas foi isso que aconteceu.
“Nada, mãe... eu só estava cansada quando cheguei, e... que horas são? Já está de noite?”
Ao mesmo tempo em que enxugava o rosto, olhei para a fora da janela, tentando ver o céu sem precisar me levantar da cama. Meus pais sempre chegarão de noite em casa, achei estranho. O dia inteiro podia ter passado em poucas horas enquanto eu dormia?
“Não, amor... cheguei mais cedo hoje. Ainda são quatro e meia da tarde. Tem certeza que está bem? Você nunca dorme durante a tarde...”
“Ahn... claro mãe, eu estou bem, não se preocupe. Eu vou tomar um banho, tudo bem?”
Me despreguicei, apenas para despistá-la. Eu não queria contar a minha mãe nada sobre John. E nem sobre a carta anônima. E nem sobre Christofer ter vindo conversar sobre Sierra hoje. Eu não queria deixar minha mãe preocupada com a minha vida. A vida dela já era demais, e ela não merecia meus problemas fúteis.
“Bom, eu vou sair daqui a pouco. Tenho uma reunião na cidade vizinha. Se você quiser vir comigo, filha.”
“Ah, tudo bem mãe... mas eu não vou não, acho que vou sair para andar um pouco por aí, você precisa que eu vá?”
“Não, amor... pode ficar aqui, eu só pensei que iria gostar de ir comigo.”
“Ah, entendi mãe.”
Forçadamente um sorriso se estampou em meu rosto, em forma de agradecimento. Peguei roupas no guarda roupa e fui tomar banho enquanto minha mãe descia as escadas e seguia em direção da cozinha. Provavelmente ela iria preparar algo para comer, e eu aproveitaria para comer algo também, agora eu podia sentir meu estômago roncar.
Desci as escadas escovando o cabelo molhado e minha mãe já tinha preparado o lanche. Ela estava sentada na mesa, e eu me sentei ao lado dela. Enquanto comia, eu tentava desviar os olhos dela. Minha mãe sempre percebia quando algo estava errado. Eu tinha medo dela nesse aspecto. Sempre que eu tentei aprontar alguma coisa quando era criança, ela percebia, e obviamente eu ficava de castigo. Agora era provável que eu não ficaria de castigo, mas eu agia por instinto.
“Bom, eu já vou filha... Qualquer coisa me liga no celular, eu vou deixar ele no silencioso enquanto eu estiver na reunião, mas pode ligar. Seu pai chega mais tarde, e eu deixei comida na geladeira, ta?”
“Aham, valeu mãe...”
Ela se aproximou de mim enquanto eu colocava os pratos na pia e me deu um beijo no rosto, como sempre. Eu gostava da atenção da minha mãe. Mesmo quando ela sabia que não me alegraria muito, ela sempre me dava atenção, as vezes até mais do que o suficiente.
Subi para meu quarto e peguei meu celular, coloquei os fones do IPod no ouvido e desci as escadas de dois em dois degraus.
Saí de casa alguns minutos depois que minha mãe e saí andando, sem nem mesmo saber para onde iria. Eu precisava de um tempo comigo mesma. Espairecer as idéias parecia perfeito naquele dia. Enquanto andava pensei em tudo que já havia pensado antes de dormir. Mas dessa vez tudo pareceu se relacionar. De um jeito estranho, mas se relacionou.
Enquanto eu morava em Dallas, John correu atrás de mim pouquíssimas vezes, e só pediu para voltar comigo uma vez. Christofer e Sierra eram namorados lindos e apaixonados, até eu chegar. Sierra faltou no dia
Capítulo 9
“Alô?”
A voz de John repetiu a palavra 3 vezes antes que eu pudesse reagir.
“John?”
“Sim, quem é?”
Pensei em desligar o telefone ao sentir minha voz trêmula, mas eu não tinha forças para isso. O celular dele provavelmente tinha mostrado quem estava ligando, e ele só perguntou isso para me constranger, claro.
“John... s-sou eu...”
“Eu quem?”
Não sei se era coisa da minha cabeça, mas eu percebi o riso dele escondido entre as palavras.
“Quem... quem você acha que é?”
Agora eu já estava um pouco mais calma, e conseguia respirar normalmente embora estivesse encantada com a voz dele, como em todas as vezes que ele dirigia a palavra a mim.
“ hum... eu acho q... Jully, porque você não me mandou notícias suas? Eu estava preocupado com você...”
Meus olhos se fecharam automaticamente quando minha mente foi invadida pela cena de John me abraçando e dizendo as mesmas palavras no mesmo tom doce e calmo.
“ John... eu não sei se você se lembra... mas, eu me mudei sem te falar que estaria indo embora, e eu fiz isso, porque estávamos brigados. Eu acho que não tinha a obrigação de te manter informado sobre estar viva ou não.”
“Sim, Jully... viva eu sabia que estava, porque antes mesmo de procurar por você, eu havia perguntado de você para Cykes. Eu só queria saber se está bem, só isso.”
Ele perguntou de mim para Cykes? E porque ela não me disse nada? Ah, claro. Ela não disse porque não queria que eu tivesse esperanças de ele merecer uma segunda chance só por perguntar se estou viva.
“ Ok, John, eu entendi... e se é isso que quer saber, eu estou bem.”
Eu mordi meu lábio inferior por saber que estava mentindo.
Eu não poderia ficar bem longe dele, e por mais que evitasse demonstrar, tinha certeza de que ele estava ciente disso.
“Tem certeza, menininha?”
“Ai, eu tenho! E por favor, pare de me chamar assim!”
“Porque vou para de te chamar assim, se você é minha menininha? Entenda uma coisa, Jullie, por mais que você tente não acreditar em mim quando eu falo que ainda não te esqueci, por mais que você tente me evitar, eu não consigo e nem posso te deixar ir embora.”
“John, eu já fui embora. Desde que você me trocou por quem preferiu te deixar sozinho, para você eu já deveria ter deixado de existir.”
“Mas não deixou. Eu amo você, e quando você me convencer de que sabe disso, e de que acredita, eu te deixo em paz.”
“Eu sei e acredito que você me ama, John. Não como eu te amo, mas já entendi que você me ama também.” Eu disse em um tom irônico.
“Não convenceu, Jully.”
“Que pena!”
“Jullie... se você pudesse pelo menos me dar uma ultima chance...”
“John, NÃO! Como eu vou te dar outra chance? Eu não moro mais em Dallas, agora eu moro no fim do mundo. Agora eu moro em outro lugar, tenho novos amigos e eu não posso me prender em uma cidade apenas!”
Menti de novo. Moro em outro lugar, no fim do mundo, mas não posso deixar pra trás tudo que eu passei em Dallas, ao lado dele e de outras pessoas.
“Se você me disser que me perdoa e que me dá outra chance, eu vou aonde você estiver, agora! Você sabe que ninguém precisa me dizer que duvida de mim para que eu faça, e eu estou te dizendo. Se me der outra chance, em menos de 5 horas eu vou estar aí.”
Uma pausa silenciosa invadiu o telefone. Eu não conseguia pensar em nada, absolutamente nada, depois do que ele havia dito. Era sem dúvidas uma tentação pensar que se eu dissesse sim ele estaria comigo em poucas horas.
“John... quem me garante que você quer brincar comigo como da ultima vez?”
“ Eu garanto. Se isso não basta, eu procuro algum jeito de te provar isso.”
“ Não precisa... eu, eu acredito, mas... John, por favor, n...”
Ele me interrompeu antes que eu pudesse terminar de falar.
“Tudo bem, eu entendi, Jullie. Você quer mais tempo para pensar, não é? Eu posso esperar. Pensa, mas pensa você sozinha, não deixe ninguém mais pensar por você. Eu vou te esperar, menininha.”
Senti meu coração querer saltar para fora do peito quando o ouvi me chamar de ‘menininha’, novamente.
“Tá bom, John. Eu... eu vou desligar, ta?”
“Tá bom. Tchau, um beijo.”
“Tchau.”
“Jullie? Jully?”
Pude ouvir a voz dele de longe enquanto distanciava o telefone do meu ouvido.
“Oi?”
“Eu te amo, amor.”
Doía muito não poder dizer a ele o quanto eu o amava. Doía mais ainda me lembrar o motivo pelo qual não estávamos juntos. Eu sentia meu coração se torturar toda vez em que pensava nele. Ao mesmo tempo em que eu queria abraçá-lo, eu queria bater nele, com todas as minhas forças. As forças que eu não teria mais, porque foram roubadas pelas vezes em que pensei nele.
Mais uma vez eu tinha duas opções. Dar a ele outra chance, e talvez me machucar novamente. Deixar tudo como esta, e continuar me machucando. Eu podia confiar nele e acreditar que ele não me machucaria mais, mas eu também podia confiar em mim e deixar que o tempo curasse todas as feridas.
Independente de qualquer coisa, eu tinha certeza do que queria. E no momento, o que eu queria era ele, só ele.
Na manhã seguinte, minha mãe conseguiu terminar de falar o diálogo monótono antes que eu acordasse, precisou até me balançar um pouco para que eu despertasse. Levantei-me, peguei minhas roupas e fui para o banheiro, como de rotina. Desci com a bolsa pendurada no ombro, e peguei uma barra de cereais na dispensa. Enquanto comia no sofá, minha mãe descia as escadas com tudo o que precisava levar para o trabalho. Minha mãe era advogada e sempre precisava levar mil papeis para o escritório.
“Filha, hoje eu preciso sair da cidade para resolver um processo, e provavelmente não chegue antes das 14h. Teu pai também não vai estar aqui, se importa de vir andando?” Minha mãe sempre pensou que eu fosse uma menininha frágil que não tivesse capacidade para andar sozinha em uma cidade, mas eu não era assim.
“Tá, tudo bem, mãe. Acho que consigo voltar sem me perder.”
Minha mãe deu um sorriso lindo e prestativo e saímos em direção ao carro.
No caminho para a escola minha mãe ficou falando coisas que eu não precisava ouvir, como a quantidade de pessoas que insistem em conversar durante um julgamento no tribunal. Eu estava assentindo indiferentemente a tudo que ela dizia, para pelo menos transparecer que eu estava ouvindo, com apenas um dos ouvidos, pois o outro estava conectado com a música, como sempre.
“Meu amor, depois que chegar da escola, assim que colocar os pés dentro de casa me ligue, ta bom? Não me deixe preocupada.”
Ela não precisava nem ter dito isso, convivendo 16 anos com ela eu já podia prever que se não telefonasse assim que chegasse em casa, em menos de 1 hora viaturas estariam gritando por meu nome pela cidade.
“Aham, eu ligo mãe. Tchau.”
Desci do carro no mesmo lugar do dia anterior, ainda queria evitar olhares sobre mim. Entrei na escola e me senti aliviada por não precisar me preocupar em ser educada com o segurança do portão, ele estava conversando com outra pessoa quando entrei na escola, então nem reparou em mim. Segui diretamente para a sala de aula, torcendo para que estivesse vazia de novo. Não estava.
“Oi Jullie, como está?”
Coloquei minha bolsa na minha carteira e fui cumprimentar Sierra, que estava sentada em uma das carteiras da fileira ao lado da minha. Engraçado, hoje ela estava sem Alex.
“Oi. Bem, e você?”
Ela deu um sorriso que eu percebi ser forçado e me perguntei se aquele mau humor teria algo a ver comigo.
“Acho que estou bem.”
Me sentei na carteira vazia em frente a dela e tirei o fone do ouvido, desligando o IPod no mesmo momento. Qualquer pessoa podia ver que ela não estava bem e se tem alguém no mundo que sente as dores pelos outros, esse alguém sou eu. Como ela havia tido a coragem de vir conversar comigo no dia anterior e hoje também, me senti no direito de oferecer ajuda.
“Sierra... tudo bem mesmo? Você parece meio confusa, não sei...”
Ela respirou fundo e endireitou o corpo na certeira.
“Ah, eu não sei, Jully. Problemas de rotina, normal.”
“Tem certeza? Bom, se precisar de algo...”
Ela assentiu e sorriu levemente. Depois de alguns segundos, a sala começou a lotar, e Christofer entrou, junto com os outros alunos.
Achei estranho, por dois motivos. Ele não me cumprimentou e nem se quer olhou para Sierra. Sentou-se na ultima carteira de uma das fileiras, a mais distante de nós. Sierra o seguiu com o olhar, e quando voltou a me olhar, pude ver o esforço para segurar as lágrimas.
Algo havia acontecido com eles, e era ENTRE eles. Não quis perguntar nada a nenhum dos dois, com medo de magoar ou que eles não gostassem. Se Sierra se sentisse confiante comigo, ela me contaria. E eu não podia e nem queria pressionar nada, mas algo de estranho havia acontecido.
A aula passou como todos os dias, chata e talvez até mais irritante. Quando a ultima aula terminou, me levantei para procurar Sierra, mas ela já havia saído da sala. Christofer estava terminando de colocar as coisas na mochila e eu olhei para ele cuidadosamente para que ele não percebesse.
Segui andando para a casa, com os fones nos dois ouvidos, que me impediam de ouvir qualquer outra coisa que não fosse os solos de guitarra e pancadas de bateria da música.
Quando entrei na rua de casa, vi Christofer sentado em frente a casa dele, com as pernas encolhidas e os braços apoiados nelas.
Diminui o ritmo dos passos e quando passei na frente dele, olhei de canto para observá-lo e ele estava me olhando. Continuei andando, e quando entrei em casa, havia um envelope branco jogado no chão do quintal. Peguei-o e sem olhar o nome do Destinatário entrei em casa, jogando-o na estante ao mesmo tempo em que mirei para jogar minha bolsa no sofá. Por falta de mira, minha bolsa caiu no chão. Agachei para pegar a bolsa e desta vez, o envelope que estava na estante onde apoiei caiu no chão. Foi quando li meu nome no destinatário. O que seria aquilo? Não fazia mais de 1 semana que havia me mudado, não tinha passado meu endereço a ninguém e então, o que era aquilo? Abri o envelope e dentro dele havia uma pétala de rosa e um bilhete escrito com letras digitadas.
“Jullie,
Você deve estar achando estranho, mas não ache. A pétala é só um presente, aliás, essa não será a única. Só quero você um pouco mais perto e não quero me revelar a partir de já, com medo de sua reação. Não tenha medo, são apenas cartas. Cartas anônimas.”
“Cartas Anônimas? Hum...” Falei para mim mesma, tentando entender tudo.
Subi para o meu quarto com o envelope na mão, e a bolsa pendurada. Cheguei em casa com um pouco de fome, mas depois de ler isso, incrivelmente a fome passou. Liguei o computador e esperei que carregasse. Enquanto isso, troquei de roupa e li novamente a carta, buscando alguma pista. Nada encontrei.
Contei a Brooke o que havia acontecido durante o dia. Desde o momento em que cheguei à escola, até a hora em que liguei o computador. Cykes e Stefani não estavam online, e Broo prometeu contar a elas também. Elas poderiam me ajudar, talvez. As idéias infalíveis da Stefani poderiam me dar alguma pista. O gênio lógico que era a mente de Cy poderia me dar outra pista. Brooke com seu dom de observação poderia me dar mais uma pista. Algo me dizia que aquilo não vinha de perto. Mas estava confuso. Muito confuso.
Não esperei meus pais chegarem para desligar o computador. Estava exausta e depois de um dia complicado como este, eu precisava dormir. Deitei-me e esperei que o sono me derrubasse, o que não demorou muito.